TAQUICARDIA PAROXÍSTICA SUPRAVENTRICULAR: o que é? Como tratar?
Você já sentiu seu coração, de uma hora para outra, acelerar de maneira contínua, com duração de alguns segundos, poucos minutos ou muitos minutos e de uma hora para outra ele voltar ao seu ritmo normal?
Se isso já aconteceu com você é possível que você tenha taquicardia paroxístico supraventricular, também conhecida como taqui supra no meio médico.
Bom, se você tem esse diagnóstico, muitas vezes ele passa batido nas avaliações gerais. Por quê? Porque muitas vezes a pessoa que tem esse diagnóstico de taquicardia supraventricular procura uma emergência e quando chega lá a taquicardia já reverteu. Ela faz um eletro e este eletro está normal. E a conclusão é que ela não teve nada, que ela não tem nada.
Então, entenda, muitas vezes o que você pode ter é uma taquicardia supraventricular.
Quais as causas da taquicardia paroxístico supraventricular?
Eu vou falar de uma maneira simples a questão técnica. Em geral a causa mais comum dessa taquicardia é a taquicardia por reentrada nodal, que é uma microreentrada que acontece na região do nó atrioventricular. Ou seja, é como se fosse um circuito em paralelo, que funciona muito rapidamente, disparando entre 170-200 bpm, e que te dá essa a sensação de aceleração contínua. E de uma hora para outra esse circuito é interrompido e volta ao seu batimento normal. É como se nada tivesse acontecido.
Outra causa também é a taquicardia por reentrada atrioventricular, que é uma macrorrentrada, que muitas vezes acontece associada a uma via acessória, muitas vezes oculta, como por exemplo um Wolff Parkinson White oculto.
Do ponto de vista prático as duas vão funcionar da mesma maneira: terá um outro circuito em paralelo, rápido, mais ou menos da mesma frequência que eu disse da outra, e que enquanto aquilo, aquele circuito predominar, o seu coração ficará muito acelerado. E quando for interrompido, volta ao batimento anterior.
Veja, é importante que você saiba isso, porque muitas vezes você pode ter esse diagnóstico e não sabe. E é muito desagradável essa aceleração contínua muito rápida.
Como diagnosticar a taquicardia paroxístico supraventricular?
Se você tem oxímetro de pulso, e hoje em dia é comum as pessoas terem porque estamos na pandemia, coloque o oxímetro no seu dedo, que muitas vezes vai identificar aquela frequência em torno de 170-180-190 bpm de forma contínua.
E se você tem essa taquicardia?
A primeira coisa é consultar um médico para que ele possa dar esse diagnóstico.
E muitas vezes o diagnóstico que é feito no ECG não é possível, nem em um Holter, porque a taquicardia é fugaz, é paroxístico, ela vem e vai embora e muitas vezes você não consegue capturá-la.
Mas pela descrição da história clínica: aquela taquicardia que se inicia subitamente e termina subitamente, elevando a frequência cardíaca para níveis de 180-190 bpm, você chega a um diagnóstico de suposição.
O que fazer se está sentindo taquicardia paroxístico supraventricular?
Uma coisa muito útil para reverter essa arritmia, principalmente aquelas que duram menos tempo, seriam as manobras vagais. Por exemplo: assoprar o dorso da mão com força, sem deixar escapar o ar, em um período em torno de 30s deitado, sem puxar o ar (inspirar) durante o procedimento. Muitas vezes isso pode reverter a taquicardia.
Agora se a taquicardia ela sempre está te incomodando, principalmente se ela dura muito tempo, te leva ao pronto socorro por conta dela, o tratamento de escolha e definitivo é ablação por radiofrequência.
O que é ablação por radiofrequência?
É um procedimento invasivo, feito por eletrofisiologistas, onde são inseridos cateteres, que entram pela virilha e vão ao coração, e lá é identificado o local que gera esta taquicardia. Por exemplo, é ablacionado ou cauterizado a via lenta (no caso da reentrada nodal) ou a via acessória (no caso da macro reentrada atrioventricular). A grande notícia é que normalmente o índice de sucesso supera os 90%, muitas vezes até mais do que isso, e o índice de complicações é baixíssimo. E o índice de cura é alto nessa situação.
Então fica para vocês essa dica de hoje: se você tiver um coração que acelera muito, de uma hora para outra, e desacelera rapidamente, você pode ter uma taquicardia paroxístico supraventricular.
Grande abraço!
https://cardiodf.com.br/equipe/dr-eustaquio-ferreira-neto