5 SINAIS de FIBRILAÇÃO ATRIAL- A ARRITMIA CARDÍACA SILENCIOSA MUITO IGNORADA QUE CAUSA DEMÊNCIA, DERRAME e CORAÇÃO FRACO

Você sabia que existe um tipo de arritmia cardíaca que pode atrofiar seu cérebro, dilatar o seu coração além de ser uma causa frequente de derrames e demência? E pior: ela pode ser silenciosa?


Além de ser uma arritmia que pode fazer um grande estrago à sua saúde ela é muito frequente. Só para você ter uma ideia, ela é a arritmia mais comum em idosos.  Quem tem mais de 60 anos tem um risco de 5% de ter essa arritmia, e vai subindo com a idade- acima de 80 anos ela pode chegar a 20%.

E não, não é só em idosos! Já atendi grávidas, jovens e pessoas de meia-idade passando mal por causa dela. Mais de duzentas milhões de pessoas no mundo sofrem com essa arritmia. Por isso preste atenção!

Então nesse post você vai aprender tudo sobre essa arritmia chamada fibrilação atrial, que pode até matar: o que leva você a ter esse problema? Qual a sensação? Quais os sintomas você pode sentir? Por que ela é uma arritmia preocupante? E no final você vai fazer um teste para ver se detecta ou não essa arritmia em si mesmo. E claro, vou dar as 10 dicas de como você pode se proteger dela! Então fique até o fim!



O que é arritmia cardíaca?

Arritmia é quando seu coração foge do seu ritmo cardíaco normal. Normalmente o coração bate em um ritmo regular, coordenado, para bombear o sangue de uma forma eficiente para o  resto do seu corpo, levando oxigênio, energia e nutrientes.  Se o seu coração sai do ritmo normal, isso é arritmia.


Qual arritmia é essa que eu falei, que causa derrame, demência, coração fraco e todos os estragos que eu citei?

A fibrilação atrial.

Não sei se você já ouviu falar em fibrilação atrial. Se nunca ouviu, deveria ter ouvido.

A fibrilação atrial é uma alteração do ritmo cardíaco que afeta as câmaras cardíacas superiores do coração- os átrios.

Se você for lembrar da sua aula de biologia, os átrios jogam o sangue para os ventrículos e os ventrículos bombeiam o sangue ou para os pulmões (o ventrículo direito) ou para o resto do corpo (o ventrículo esquerdo).


Na fibrilação atrial os átrios não bombeiam direito. Por isso fibrilação ATRIAL (de átrios). Eles saem de um bombeamento coordenado, e começam a ter contrações irregulares e descoordenadas como se fosse um saco de minhocas.


Como os átrios não se contraem de maneira eficaz, isso leva a acúmulo de sangue dentro dos átrios.


E o que acontece se o sangue fica lá parado?

Se você pensou que o sangue vai se coagular, você acertou! Sim, essa falta de coordenação pode formar um trombo lá dentro de seu átrio. E esse trombo é problemático.



É ele que pode dar um derrame, porque ele se desprende do átrio e vai direto para sua cabeça, bloqueando o fluxo de sangue para o cérebro, dando um AVC isquêmico, um derrame isquêmico.







Mas, às vezes os átrios podem soltar vários pequenos êmbolos, causando demência esquecimento das coisas. E você achando que é o esquecimento normal da idade.



O que você pode sentir, se tiver fibrilação atrial?

Muitas pessoas são assintomáticas. Não sabem que tem essa arritmia. Vivem a vida normal, até ter um derrame, até começar a perder a memória.



Isso é muito perigoso porque essas complicações a gente consegue prevenir com o tratamento correto.


E para dificultar mais, têm pessoas que tem essa arritmia o tempo todo, de forma permanente ou persistente, então os átrios quase sempre ou sempre estarão fora do ritmo e outras— que são a grande maioria, têm essa arritmia só de vez em quando— que a gente chama de fibrilação atrial paroxística.

Mesmo de vez em quando ela é perigosa. Ela pode te dar derrame, pode te dar demência. É importante descobrir e tratar corretamente.


Mas têm pessoas que sentem alguma coisa quando estão com fibrilação atrial?

Sim, muitas pessoas sentem quando estão com fibrilação atrial. E isso é bom, porque essa pessoa vai procurar um médico, vai procurar ajuda, ela vai notar que está com esse problema.

Quais os sintomas da fibrilação atrial?

1- Palpitações.

Ela sente os batimento cardíacos mais rápidos, um coração acelerado, batimentos mais fortes ou falhas dos batimentos. Sentem que o coração está batendo estranho, com uma pulsação irregular.


2- Outro sintoma é a fadiga:

A pessoa sente uma  falta de energia, um cansaço o tempo todo. Essa fadiga pode variar de intensidade e duração de pessoa para pessoa.

Como os átrios do coração não contraem de forma coordenada então vai cair a força do seu coração, seu coração vai ter menos eficiência do bombeamento, comprometendo a entrega de oxigênio e nutrientes aos tecidos e também de limpeza pelos seus rins e fígado.

3- Tem pessoas que têm falta de ar:

O coração acelera muito rápido quando sobe uma escada, quando vai varrer o quintal de casa. Sente dificuldade de respirar, coisa que ela não sentia antes. Tem que ficar atento. Pode ser fibrilação atrial.

4- Outras sentem tontura

uma vertigem até chegando a cair por falta de fluxo sanguíneo para o cérebro

5- outras sentem dor no peito,

um desconforto no peito porque o ritmo fica irregular, ou mesmo angina, porque às vezes o coração fica mais acelerado e já há uma obstrução em uma das artérias coronárias.




Novamente, ter sintoma é bom, porque o paciente vai procurar um médico. Se você sente isso, é importante você comunicar isso para o médico, para ver se é essa arritmia específica que você está sofrendo.



O que causa a fibrilação atrial?




  • Número um idade. Como eu falei, quanto mais a pessoa envelhece maior o risco.

  • Mas também pressão alta aumenta o risco- porque a hipertensão sobrecarrega o coração alterando estruturalmente o átrio

  • Quem já sofri de alguma doença cardíaca como aquelas pessoas que já tiveram infarto, insuficiência cardíaca, pessoas com problemas das válvulas cardíacas.

  • Pessoas que têm problemas nos pulmões— aquelas pessoas que fumam ou já fumara, pessoas que tiveram embola do sono, quem tem bronquite crônica ou enfisema, quem sofre de apneia do sono.

  • Quem tem problemas de tireoide- tanto hipertireoidismo quanto hipotireoidismo

  • A genética também pode estar envolvida. Pessoas com fibrilação atrial na família pode aumentar a predisposição individual.

  • Mas também seu estilo de vida conta. Se você bebe muito. Então álcool aumenta risco. Tanto que tem uma síndrome chamada Holliday heart que foi descrita em pacientes saudáveis que enchiam a cara em um final de semana, em uma folga do trabalho e chegavam ao pronto-socorro com arritmia— especificamente a fibrilação atrial Sedentarismo aumenta risco. Estresse intenso aumenta risco.




Quais os riscos e complicações da fibrilação atrial?

Já falei, mas vale a pena reforçar

A fibrilação atrial, mesmo a paroxístico, que dá de vez em quando, pode levar a um derrame, o acidente vascular cerebral, porque o trombo, o coágulo que estava dentro do átrio pode ocluir uma das suas artérias cerebrais.

E o derrame normalmente é um derrame importante. Eu vou deixar o card sobre derrame no final do vídeo vale a pena você assistir.

A fibrilação atrial aumenta em 5x o seu risco de ter um derrame, então é muito.


Eu tive paciente que teve um derrame na artéria que irriga o olho e ficou cego desse olho por causa da fibrilação atrial. Tenho paciente que tiveram sequelas de fala, de movimentos, de memória por causa dessa arritmia.

Mas é só derrame? Não o coração pode ficar fraco por causa disso, causando uma taquicardiomiopatia, levando a coração dilatado.


ode causar um edema agudo de pulmão, se o coração dessa pessoa já era fraco e começou a ter a fibrilação atrial. Pode causar demência.

Em pessoas recém diagnosticadas com fibrilação atrial têm 13% maior risco de demência. Por causa de infartos cerebrais subclínicos. A pessoa não está sentindo que está tendo microderrames. Mas pode, sim, não ter demência mas problemas de pensamento, de memória, de função executiva, de aprender coisas novas, de concentração, de tomar decisões… Então um velhinho que está declinando a memória abruptamente, pode estar com fibrilação atrial.

Pode também dar embolia pulmonar, o trombo ir para o pulmão, ou embolia sistêmica, bloqueando uma artéria do pé, da mão, da perna, podendo levar a amputação.

Por tudo isso, dados epidemiológicos indicam que fibrilação atrial está associada a um aumento significativo de mortalidade em longo prazo.

Como o médico descobriria que você está com fibrilação atrial?

Um simples eletrocardiograma já pode fechar o diagnóstico.



Tem casos que só de auscultar, eu já percebi que o paciente estava com fibrilação atrial porque os batimentos estavam totalmente fora do ritmo.

Mas como eu falei. Tem pessoas que têm a fibrilação só em alguns momentos, então o eletro não ajudaria muito. Precisaria de um Holter, de um Looper ou um relógio como o Apple Watch ou o samsung Watch que detectam a fibrilação atrial com muita precisão.


Pena que são caros! Mas já vi, alguns casos, de pacientes que detectaram que estavam com fibrilação atrial por causa de um desses relógios.


Recentemente atendi um caso de um jovem que estava com fibrilação atrial e descobri que era por causa da tireoide. Bem interessante essa tecnologia nova.

Mas às vezes não precisa de um smart Watch. Você mesmo pode fazer o teste.

Vamos fazer o teste agora e no final do vídeo eu vou dar as dicas de como prevenir que você tenha fibrilação atrial.


Vamos fazer o teste?

É bem simples! Olha, você só precisa de seus dedos.

Coloque o segundo e terceiro dedos da mão direita na borda do pulso esquerdo.

Deslize os dedos um pouquinho para o meio do punho, até encontrar o pulso, sentir a pulsação do seu coração.


Você não precisa contar a pulsação- se quiser contar, pode contar. Também ajuda. Você cronometra 15 segundos e multiplica o que achou por 4.


Por exemplo, você sentiu 19 pulsações nesses 15 segundos, então sua frequência cardíaca está 76bpm, que é normal.

O normal é entre 50-100 ou 60-100. Se estiver muito acelerado, 115bpm, pode ser que você esteja com uma fibrilação atrial. Pode ser, por que o mais importante é lembrar de verificar o ritmo cardíaco, não só sua frequência cardíaca.

Em vez de contar as batidas, verifique se há um ritmo constante e regular, Tem, tum, tum… Vá com calma? É regular seu ritmo, ou ele está parecendo um samba? Uma hora bate depois bate dois três batimentos mais rápido, depois volta a ficar mais lento.


Se estiver todo fora do ritmo, realmente você pode estar com fibrilação atrial. Mas lembre-se que o diagnóstico é feito pelo eletro.  No eletrocardiograma está lá, os batimentos desorganizados.



Vamos às dicas para reduzir a fibrilação atrial ou o seu risco de recorrência:


10a dica para reduzir a recorrência de fibrilação atrial:  pare de beber ou reduza drasticamente o álcool.

Como eu falei, o álcool é gatilho para o seu átrio sair do ritmo. 

  

9ª dica- perca peso se você estiver com sobrepeso ou obesidade

Existe uma associação forte entre obesidade e fibrilação atrial. Temos um estudo australiano  que mostrou que perder 10% do peso corpora reduziu em 6x a chance de recorrência da fibrilação atrial.


8a dica para reduzir a recorrência de fibrilação atrial:  corte o fumo.

Sabemos que o tabagismo aumenta a chance de recorrer a fibrilação atrial em quase 40%.  Além disso o cigarro detona com seu pulmão, que é uma causa dessa arritmia.

7a dica: mantenha sua pressão sobre controle.

Uma pressão elevada,  aumenta seu risco de fibrilação atrial. Qual é a sua pressão arterial? Afira aí e escreva aí embaixo!

  6a dica: coma de forma mais saudável.

Coma comida de verdade, especialmente frutas e verduras. Elas reduzem o seu risco de  hipertensão, ou controla melhor sua pressão, mantém um peso mais adequado, sem  falar nos antioxidantes e nutrientes que você estará ingerindo que protege seu organismo contra os danos causados pelos radicais livres.

5a tenha um sono restaurador.

Descubra se você tem apneia do sono ou roncos. Seu marido ou esposa reclama? Tente concertar isso  e procure um especialista em sono.

4a dica para reduzir a recorrência de fibrilação atrial: reduza o estresse.

O estresse  produz adrenalina que aumenta palpitações inclusive o risco de arritmias como fibrilação otrial. Cerque-se de pessoas que lhe fazem bem e tente meditação, yoga ou outros tipos de relaxamento.

3a dica Pratique Exercícios físicos:

Atividade física reduz o risco de fibrilação atrial. Mas tem um estudo norueguês com mostrou que HIIT (treino de alta intensidade) ajuda ainda mais. 

Converse com seu médico e veja se você está apto para um treino de alta intensidade. Mas mesmo a recomendação de 150 minutos de atividade física moderada por semana vale aqui.



2a dica para reduzir a recorrência de fibrilação atrial: tenha certeza que sua tireóide está funcionando corretamente .

- nem demais nem de menos. Qualquer um dos dois aumenta seu risco.

1a dica para reduzir a recorrência de fibrilação atrial: tome seus remédios

Se você tem pressão alta, colesterol alta, diabetes, é bom que todas as suas patologias estejam bem controladas. Se você tem arritmia, tome o antiarritmico que seu médico prescreveu e se você tem fibrilação atrial e seu médico receitou anticoalgulante, agora você já entendeu o porquê.

O anticoagulante vai ajudar a prevenir coágulos sanguíneos dentro do seu átrio, vai reduzir efetivamente seu risco de derrame e de demência.

O AVC hoje é a principal causa de morte no Brasil e a fibrilação atrial é um grande causador de derrames. Enviando esse vídeo para as outras pessoas você estará ajudando a protegê-las contra um derrame. E eu sei, até hoje fibrilação atrial não é divulgada como deveria. O objetivo do nosso canal é melhora a saúde das pessoas. Então ajude a divulgar!

Meu nome é André Wambier, cardiologista

e esse é o Cardiodf.com.br


Muito obrigado!

Andre WambierComment